Calheiro’s Notes

Maria

O primeiro ato foi num dia seis, às 6h23; ela usava um vestido preto e acabava de sair do teatro. Eu não fazia ideia de quem era aquela mulher, mas, eu sabia que em algum momento a dialética do desejo iria entrar em curso. Foi quando, num dia cinco, respondi alguma coisa nas redes sociais e nossos planetas começaram a entrar em rota de colisão.

Meu assunto de física favorito sempre foi corpos em atrito, então nunca me preocupei com a iminência da explosão; na pior das hipóteses, aquele olhar iria suscitar combustível para a minha escrita. Foi assim que, como quem calcula bem os movimentos de uma partida de xadrez, decidi que estava na hora de dar um passo adiante.

A ideia era de que nos encontrássemos num lugar reservado. Uma garrafa de vinho e uma boa conversa pedem um ambiente à altura; o farfalhar das interações humanas nos era um preço alto demais a pagar para a discrição e calmaria que estávamos ansiosos para empreender.

O lugar, após debate, foi enfim escolhido; o próximo capítulo delineará os detalhes que, assim como o leitor, também estou ansioso para descobrir. Ledo engano quem lê achar que, só porque estou a escrever, de antemão de tudo já sei…

Resposta

  1. […] conto “Maria”, de Pedro K. Calheiros, apresenta uma narrativa envolvente que mescla introspecção e expectativa. […]

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