
I
Não sabia bem ao certo se prestava atenção ao que ela falava, aos lábios bem delineados com o gloss de morango ou na linha tênue entre o tecido e a carne que se formava no decote do vestido vermelho. O assunto em voga é o Festival de Ópera do Amazonas, ela me pergunta sobre o que eu achei do ano anterior e digo que, apesar de amar o Teatro, nunca fui ao famoso festival. Ela me olhou com um olhar de reprovação, quase que como se eu tivesse acabado de confessar um crime. Ficou mais calma, porém, quando se deu conta de que a minha primeira vez nas apresentações seria com ela.
Eu sabia que o gloss era de morango pelo cheiro, não porque tinha provado. Era o nosso primeiro encontro, estávamos na parte em que o casal sai para jantar e conversa sobre as coisas da vida, fazendo mentalmente um checklist das coisas boas e ruins e analisando se é uma boa ou não. Mas pra mim sempre era, afinal, eu não estava a fim de um compromisso sério – e ela sabia disso.
Fiquei particularmente feliz porque Carolina sabia flertar. Nem todas as mulheres entendem a arte da insinuação e ela sabia muito bem como jogar esse jogo. As preliminares antes do sexo, o flerte antes do beijo; essa sempre foi a minha regra.
II
Transamos a noite inteira. A minha parte favorita foi quando abrimos uma garrafa de vinho depois de tudo e ficamos na banheira do hotel conversando sobre a vida. Naquele momento pude ver um lado vulnerável de Carolina, um lado que de alguma forma senti que ela não mostrava para todo mundo.
III
Eu devo ter algum problema com gemidos, mas não é o tipo de problema que eu gostaria de resolver. Conheci o de Carolina no carro, quando as coisas no jantar já estavam insustentáveis e pediam um local mais apropriado. Falamos sobre a vida e, de flerte em flerte, cansei dessa história de atiçar e ser atiçado. Chamei o garçom, paguei a conta e, tontos de vinho, descemos as escadas do Caxiri. Eu não queria transar com ela no carro, pelo menos não na nossa primeira vez. Estávamos estacionados na 10 de julho em frente ao Juma Ópera House, quando parei o que estávamos fazendo e suscitei a ideia de passarmos a noite lá.
IV
A pior parte de hotéis, principalmente quando estamos morrendo de tesão, é o check-in; querem saber demais. Depois de todo o trâmite, estávamos enfim na suíte Luxo Vista Teatro. O quarto é bem iluminado, o que torna tudo mais bonito. A cabeceira da cama é decorada com artesanato amazônico e, à direita, está disposta uma mesa de granito com dois lugares com vista para o Teatro Amazonas, grande símbolo arquitetônico da Belle Époque, criado com o intento de esbanjar a riqueza e a prosperidade que o Estado do Amazonas vivia graças ao Ciclo da Borracha.
V
Na varanda do hotel, ainda na primeira garrafa de vinho aberta na suíte, comentei que as pedras ao redor do Teatro Amazonas eram feitas de borracha para abafar o som das carruagens que passavam o tempo inteiro já que, sem ar condicionado, as janelas precisavam ficar abertas.
Não sei se ela estava prestando atenção ao que eu dizia, mas bebericava a taça de vinho enquanto alternava o olhar entre os meus lábios e os meus olhos. Eu fazia o mesmo. E como não observar? Aqueles lábios falavam pouco, mas o olhar dela me dizia exatamente o que eu precisava ouvir.
Eu a agarrei durante a troca de olhares começamos a nos beijar. A minha mão esquerda na cintura dela a puxa para mim e a mantém roçando o corpo no meu. A direita estava no rosto dela, depois no pescoço. Carolina tira meu blazer e deixa ele caído na mesa de granito, desabotoa três botões da minha camiseta social e começa a arranhar meu peito. A minha mão direita desce, aperta a bunda com força, ela solta um grunhido.
De volta ao quarto, caímos na cama ainda a nos beijar, eu por cima e ela por baixo. Carolina termina de desabotoar os botões que faltam, tira a minha gravata e a minha camiseta.
Não é preciso de muito para tirar um vestido, mas eu não queria ir com sede ao pote. Eu queria provoca-la, explorar os limites. O meu lado sádico dizia para excitá- la o suficiente até que ela implorasse para ser fodida.
Comecei pelo pescoço dentre beijos e mordiscadas, aquele perfume misturado com o néctar feminino estava a me deixar cada vez mais excitado. Os limites entre o tecido e a carne estavam cada vez mais estreitos até que o decote se desfez e eu vi pela primeira vez os lindos seios de Carolina. Desci do pescoço, mas dessa vez a estimular o bico do seio com a língua. Carolina geme baixinho enquanto a sua mão esquerda esmagava os lençóis em sinal de excitação. Era a vez do seio esquerdo, repeti o mesmo trabalho enquanto a mão direita apertava o direito.
A essa altura Carolina não conseguia mais ignorar o volume da minha calça. Tirei o meu cinto quando, a assumir as coisas, ela tira a minha calça, abaixa a minha cueca e começa a me chupar. Começa pela cabeça do meu pau e depois vai subindo e descendo a alternar entre movimentos lentos e rápidos. Enquanto isso, eu segurava o cabelo dela enquanto arfava em mistos de prazer e excitação.
Apesar dos esforços, não cheguei ao orgasmo com o boquete. As minhas bolas estavam muito cheias e o meu pau queria estar dentro de Carolina imediatamente.
Mas ainda não estava na hora. Durante aquele momento, pensamentos me vieram à mente, sobretudo pelo fato de que eu era um grande sortudo por ter uma mulher tão incrível na mesma cama que eu. Trocamos alguns olhares e os beijos continuaram enquanto a mão dela me masturbava.
A essa altura, as alças do vestido vermelho de tubo já haviam caído faz tempo. Puxei o tecido que restava por cima, ela levantou as mãos para facilitar e, quando ia abaixar, segurei os pulsos com força. Peguei a gravata que estava jogada ao lado e amarrei as mãos de Carolina na cabeceira da cama.
Voltei a explorar o pescoço enquanto Carolina se contorcia, excitada. Fui descendo, explorei os seios mais um pouco e, dentre mordiscadas e beijos, percorri seu corpo inteiro até chegar a sua boceta. Carolina estava muito molhada.
Comecei a chupar com vontade, havia alguma coisa em Carolina que me fazia querer mais e mais. Enfiei dois dedos em busca do ponto g e, com a boca, comecei
a fazer movimentos sutis e circulares no clitóris. Carolina começou a gemer. E por Deus, que gemido gostoso! O nó da gravata desatou, ela passou a segurar meu cabelo com uma mão e apertar o travesseiro com a outra.
“Mete com força, por favor!”, ela me pede. Mas eu finjo que não ouço e continuo a masturba-la enquanto ela geme. As pernas dela tremem, Carolina se contorce mais e mais quando, a implorar para ser fodida, ela tem o seu primeiro orgasmo.
Mas as coisas não esfriam; coloco Carolina de quatro e amarro as mãos dela nas costas com a gravata. Ela está completamente vulnerável e excitada sendo minha aquela noite.
Coloco o meu pau na boceta de Carolina e enfio com força. Ela geme alto reagindo a primeira estocada. Faço movimentos lentos para sentir o corpo, me sentir dentro dela. Começo a acelerar, ela geme mais e mais alto. E que gemido gostoso, quando disse que tenho problemas com gemido, quis dizer que eles me deixam completamente excitado e o da Carolina, particularmente, estava a me levar a loucura.
Desamarrei a gravata, virei Carolina de frente e continuei a socar com força, mas dessa vez a olhar nos olhos dela enquanto ela gemia pra mim. Meti com cada vez mais intensidade, as pernas dela começaram a tremer e as mãos dela já tinham tirado a colcha da cama de tanto puxar. Ela gozou mais uma vez e eu, após acelerar os movimentos e me concentrar nos gemidos dela, gozei em seguida.
***
Todo e qualquer fato semelhante com a realidade é mera coincidência.
X, outubro de 2022.
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